quarta-feira, 25 de maio de 2011

Serviço Militar Obrigatório ...

Na última aula de Direito Constitucional, discutimos sobre questões de direitos políticos, e terminamos entrando na questão do direito à objeção de consciência, que é quando uma pessoa não deseja cumprir uma obrigação legal em face de ir de encontro as suas convicções filosóficas.

Tocou-se na questão do Serviço Militar Obrigatório, que para aqueles que não querem servir, há um serviço alternativo, e neste caso, de todo jeito o indivíduo estaria servindo ao país, teria a obrigação de ir até junta militar para alistar-se.

Pois bem ...como falado em sala de aula, coloco abaixo uma música do primeiro CD do Gabriel O Pensador, que fez muito sucesso na minha adolescência. A música se chama "Indecência Militar", e retrata a questão da democracia versus serviço militar obrigatório.


"Indecência Militar" - Gabriel O Pensador

Na porta do local do alistamento militar (indecência) esperando pela hora de entrar
De saco cheio estava eu lá (paciência)
Sem nenhuma mulher pra agarrar e nenhum som pra escutar
E um monte de marmanjo do meu lado eu vi
Então pensei: "Porra. O quê que eu tô fazendo aqui?"
(Pergunta sem resposta) e raiva lá dentro
Foi assim que eu fiz o rap pra passar o tempo

Porque o serviço militar obrigatório é uma indecência
Um ano sem mulher batendo continência
Escravidão numa democracia é uma incoerência
Um ano sem mulher batendo continência

Um ano sem mulher
Só ralando (E o salário...)
Não leve a mal mas isso é coisa pra otário
Alguns podem até gostar da brincadeira
Mas o serviço só é bom pra quem quer seguir carreira militar
Mas rapá... pro Pensador não dá
Servindo o Exército, Marinha, Aeronáutica ou qualquer porra dessa
Num interessa
Eu ia ser um infeliz e ia ficar revoltado como eu nunca quis
Servindo quem montou a ditadura aqui no meu país!
Usando farda
Lavando o chão
Sem reclamar de nada pra num ser jogado na prisão
(Hum mas que situação)
Batendo continência e fazendo flexão
Para os caras que prenderam meu pai e mataram tantos outros institucionalizando a repressão (Não!)
Agora acorda e concorda com esse refrão
(E porque não?)

Porque o serviço militar obrigatório é uma indecência
Um ano sem mulher batendo continência
Escravidão numa democracia é uma incoerência
Um ano sem mulher batendo continência

Nas mãos dos militares muito jovem já morreu
Num quero ser soldado
Quem manda em mim sou eu
Isso é o defeito da nossa sociedade
Exijo mais respeito pela minha liberdade
Um ano da minha vida não pode ser gasto assim
Escravizado por quem nunca fez nada de bom por mim
Essa contradição alguém me explique um dia
Serviço obrigatório não combina com democracia
A porta abre e todos entram
Torcendo pra sobrar
Enquanto isso dá vontade de cantar:

Porque o serviço militar obrigatório é uma indecência
Um ano sem mulher batendo continência
Escravidão numa democracia é uma incoerência
Um ano sem mulher batendo continência

A criação do Serviço Militar Obrigatório foi incentivada pelo poeta Olavo Bilac, considerado o Patrono do Serviço Militar.

Apesar de ter criado esta obrigação (que ao meu ver, hoje já não faz o mesmo sentido que na época de sua criação), Bilac foi um grande poeta do Parnasianismo, e tem um poema fenomenal, que se chama "Via Láctea":

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso"! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora! "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las:
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".

Olavo Bilac


3 comentários:

  1. Para a época em que foi escrito essa "música", é compreensivo a revolta do autor perante o suposto ferimento a liberdade de convicção política e filosófica. O contigente voluntário naquele contexto era ínfimo, devido a má impressão que o Exército causou nas almas mais liberais brasileiras. Sendo a única maneira de manter o contingente humano, justifica a obritariedade.

    Entretanto, estamos em outros tempos. Visualizamos as Forças Armadas como "mãos amigas", patrulhando nossas vastas fronteiras, educando e ressocializando indivíduos marginalizados, e ajudando com todo empenho nas missões de paz internas e externas. Essa boa impressão é verificada na quantidade de voluntários hoje no dia de alistamento.
    A realidade é que hoje, só serve quem realmente deseja. Os oficiais e sargentos selecionam apenas os voluntários. E acreditem, sou exemplo disso, fui selecionado e vi que mais de 80% dos alistados eram voluntários e não poderam desfrutar do aprendizado militar.
    Hoje esse prazer em servir é ignorado e ridicularizado pelos preguiçosos e apátridas que não acreditam em um Brasil mais fraterno e consolidado.

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  2. Portanto, a obrigatoriedade é descartada. Um oficial no momento da seleção estaria arriscando a própria instituição colocando um obrigado em vez de um voluntário.
    Hoje a carreira militar é disputada aos tapas. Tanto é, que os concursos (nível médio) para adentrar nas fileiras são os mais concorridos e difíceis de se passar (Ita, Esa, Espcex, Marinha Mercante).

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  3. Grande Ciro,

    Parabéns pelos comentários, demonstrando ai seu exemplo, que seguiu o serviço militar obrigatório.
    Apesar de ser contra o serviço militar obrigatório da forma como hoje se encontra, não consigo deixar de ver os benefícios que ele pode causar em diversas pessoas, e prova disso é a concorrência, como você bem disse, para entrar nas forças armadas, como sargento, ou outros corpos militares, como agulhas negras, ITA, etc.

    Valeu pelo comentário !

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